sexta-feira, 25 de junho de 2010

" FRANCIS HIME "


Francis Victor Walter Hime (Rio de Janeiro, 31 de agosto de 1939)
é um compositor, arranjador, pianista e cantor brasileiro.
Possui formação em composição, regência, harmonia e arranjo.
Francis Hime iniciou seus estudos de piano aos 6 anos. Em 1955, se mudou para a cidade de Lausanne, na Suíça, onde permaneceu até 1959, dedicando-se à música. De volta ao Brasil, Francis passou a desenvolver uma amizade com alguns dos artistas que faziam parte do já consolidado movimento da bossa nova, tais como Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, Baden Powell, Edu Lobo, Dori Caymmi, Wanda Sá e Marcos Valle.
É dessa época sua primeira parceria com Vinícius, "Sem mais adeus",
gravada na época por Wanda Sá e posteriormente por vários outros intérpretes.

Em 1969, formou-se em engenharia e casou-se com a cantora e letrista Olívia Hime, com quem viria a ter três filhas: Maria, Joana e Luiza. No mesmo ano, Francis mudou-se para os Estados Unidos, onde deu continuidade a seus estudos musicais.
Lá permaneceu por 4 anos.
Francis Hime possui mais de quinze discos e dvds lançados. É parceiro de grandes nome da música brasileira, como Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Toquinho, Dias Gomes, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Ruy Guerra, Paulo César Pinheiro, Ivan Lins, Victor Martins, Cacaso, Capinan e outros. Entre suas composições, destacam-se aquelas feitas em parceria com Chico Buarque, tais como: "Vai passar", "Atrás da porta", "Luíza", "Trocando em miúdos".
Segundo o musicólogo Ricardo Cravo Albin, "Francis Hime pertence à realeza musical do Brasil, sendo da mesma linhagem de Tom Jobim, Carlos Lyra, Cartola, Chico Buarque e alguns poucos".
Em março de 2010, no aniversario da cidade de Recife, Francis Hime foi contratado para participar do show no Marco Zero.

Discografia

2007 - Francis Ao Vivo - DVD
2007 - Francis Ao Vivo
2006 - Arquitetura da Flor
2005 - Essas Parcerias
2003 - Brasil Lua Cheia - DVD
2003 - Brasil Lua Cheia

Francis com sua esposa, a cantora e letrista Olívia Hime.
2001 - Meus Caros Pianistas
1998 - Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião - DVD
1998 - Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião
1997 - Álbum Musical
1995 - Choro Rasgado
1985 - Clareando
1982 - Pau Brasil
1981 - Sonho de Moço
1981 - Os Quatro Mineiros
1980 - Francis
1978 - Se Porém Fosse Portanto
1977 - Passaredo
1973 - Francis Hime
1964 - Os Seis em Ponto

domingo, 13 de junho de 2010

" OS CARIOCAS "


Figurando entre os mais antigos do Brasil, Os Cariocas é um conjunto vocal,
criado por Ismael Neto em 1942, cujo repertório é a música popular brasileira (MPB).

Cantavam em festinhas da vizinhança no bairro da Tijuca, quando participaram do programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, vindo a obter o segundo lugar. Em novas tentativas no programa, obtiveram a primeira colocação por duas vezes seguidas. Em 1946, um teste na Rádio Nacional—realizado na presença de Haroldo Barbosa, Paulo Tapajós e Radamés Gnattali, regente da orquestra da emissora—inclui o conjunto em um programa musical chamado Um milhão de melodias. Participaram dos programas Canção romântica e Quando canta o Brasil. Tiveram participação nos programas de auditório de César de Alencar, Manoel Barcelos e Paulo Gracindo. O grupo sobressaiu-se pela mistura de polifonia e efeitos rítmicos, que era diferente da dos conjuntos de sucesso na época, tais como Bando da Lua (acompanhavam Carmem Miranda), Os Anjos do Inferno e os Quatro Ases e um Coringa, que passaram a cantar em quatro ou cinco vozes.

Os componentes do conjunto eram Ismael Neto; Severino Filho; Emanuel Furtado, o Badeco; Waldir Viviani; e Jorge Quartarone, o Quartera. Sua primeira gravação foi um disco de 78 rpm, pela gravadora Continental, com as músicas Adeus América (Haroldo Barbosa/Geraldo Jaques) e Nova ilusão (José Menezes/Luís Bittencourt). Em 1950, gravaram a música Valsa de uma cidade (Ismael Neto/Antônio Maria). Junto com a cantora Marlene, gravaram Qui nem jiló e Macapá, ambas compostas por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

O conjunto foi contratado pela RCA Victor, gravando as canções Podem falar (Ismael Neto/Antônio Maria) e O último beijo (Ismael Neto/Nestor de Holanda). Esta gravação foi usada como prefixo do programa de TV - Discos impossíveis de Flávio Cavalcanti. Canções juninas, como Baile na roça (Ismael Neto) e Pula fogueira(Haroldo Lobo/Mílton Oliveira), figuravam entre as diversas gravadas.
Em 1956, morre, prematuramente, Ismael Neto, e Severino Filho convida sua irmã Hortênsia Silva para fazer a voz de falsete. O disco Os Cariocas a Ismael Neto, pela gravadora Columbia, foi uma homenagem do grupo a seu fundador. Na gravadora Continental, foram levados a gravar Born too late, Chá-chá-chá baiano e Always and forever -- músicas que não pertenciam ao estilo do conjunto. Num dos lados desses 78 rpm, colocaram a música Chega de saudade (Tom Jobim/Vinícius de Moraes), com João Gilberto ao violão. Foi com esta melodia que Os Cariocas fizeram sua entrada definitiva na Bossa Nova. Em 1962, participaram do show "O encontro", na boate carioca Au Bon Gourmet, ao lado de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, os músicos Milton Banana (bateria) e Otávio Bailly (baixo). As músicas mais simbólicas da Bossa Nova foram apresentadas, entre elas: Samba do avião, Samba de uma nota só, Corcovado, Garota de Ipanema e outras.

Atuaram por diversas vezes no programa de TV, O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, pela TV Record - Canal 7, de São Paulo.
Excursionaram pela Argentina, Porto Rico, Estados Unidos e México em 1965. Fizeram shows em Nova Iorque e Washington, no anfiteatro Carter Barron, tendo a participação de Astrud Gilberto e Paul Anka. Em Nova Iorque, apresentaram-se no programa de TV , To-night Show, comandado por Johnny Carson, na rede NBC. Gravaram quatro programas para o canal 11 de Buenos Aires.
Por divergências com o maestro Severino Filho, o conjunto ficou separado por vinte e um anos, com cada integrante cuidando de sua vida particular. A música do grupo continuou a ser divulgada pelas emissoras de rádio. Em 1987, o pianista Alberto Chineli convidou para ouvir o arranjo feito para a música Da cor do pecado, de Bororó. Severino Filho, entusiasmado, fez o arranjo vocal e chamou os integrantes do conjunto para voltarem aos palcos e aos discos.
Dos conjuntos vocais atuais, o MPB-4 é o que mais se assemelha a Os Cariocas, em termos de estilo.

1988 - A prefeitura do Rio de Janeiro, convida para participar do movimento pelo "Não" à emancipação da Barra da Tijuca, cantando A Barra é carioca, ela é carioca, satirizando Ela é carioca (Tom Jobim/Vinícius de Moraes).
1990 - Foi agraciado com o prêmio Sharp pelo lançamento do disco A minha namorada - gravadora Som Livre.
No Memorial da América Latina, em São Paulo, é acompanhado pela Orquestra Jazz Sinfônica da Universidade Livre de Música. Centro Cultural Banco do Brasil - participou no espetáculo em homenagem a Vinícius de Moraes.

1992 - Recebeu o prêmio Sharp, com o disco Reconquistar. Foi lançado, inclusive, nos Estados Unidos.
1993 - Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro - foram acompanhados pela orquestra brasileira Luiz Eça - direção de Marino Boffa.
1996 - Espetáculo de inauguração do teatro Tom Jobim na embaixada brasileira em Assunção, Paraguai.
1998 - Espetáculo em Miami, junto com Leny Andrade, Roberto Menescal e Wanda Sá. Ainda no mesmo ano, participou da gravação do compact disc Crooner, a convite de Milton Nascimento.
1999 - Turnê por todo o Brasil com o espetáculo Rio, gosto de você.
2004 - Bossa Nova in Concert - espetáculo realizado no Canecão, do Rio de Janeiro, com as participações de Johnny Alf, João Donato, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Wanda Sá, Lenny Andrade, Pery Ribeiro, Durval Ferreira, Eliane Elias, Marcos Valle e Bossacucanova.
[editar] Formações
Primeira formação - Ismael Neto, Severino Filho, Emmanoel Furtado - Badeco, Waldir Viviani e Jorge Quartarone - Quartera.
Segunda formação - Hortensia Silva, Severino Filho, "Badeco", Waldir Viviani e "Quartera".
Terceira formação - Severino Filho, Badeco, Waldir Viviani e Quartera.
Quarta formação - Severino Filho, Badeco, Luiz Roberto e Quartera.
Quinta formação - Severino Filho, Badeco, Edson Bastos e Quartera.
Sexta formação - Severino Filho, Badeco, Elói Vicente e Quartera.
Sétima formação - Severino Filho, Elói Vicente, Neil Carlos Teixeira e Quartera.
Oitava formação - Severino Filho, Hernane Castro, Neil Carlos Teixeira e Elói Vicente.

Discografia

1948 - Os Cariocas
1949 - Os Cariocas (3 gravações)
1949 - Os Cariocas e Marlene
1950 - Os Cariocas com a orquestra de Lyrio Panicali
1950 - Os Cariocas (2 gravações)
1951 - Os Cariocas (3 gravações)
1952 - Os Cariocas (7 gravações)
1952 - Os Cariocas com Luiz Gonzaga
1952 - Bob Nelson e Os Cariocas
1953 - Os Cariocas (3 gravações)
1953 - Heleninha Costa e Os Cariocas
1954 - Os Cariocas
1954 - Sinfonia do Rio de Janeiro
1955 - Os Cariocas
1956 - Os Cariocas (3 gravações)
1957 - Os Cariocas (7 gravações)
1957 - Os Cariocas e Ismael Neto
1958 - O melhor de ... Os Cariocas
1960 - Tom Jobim e Billy Blanco
1960 - Os Cariocas (2 gravações)
1961 - Os Cariocas (compacto duplo)
1961 - Os Cariocas (2 gravações)
1962 - Os Cariocas (3 gravações)
1962 - A Bossa dos Cariocas
1962 - A Bossa dos Cariocas
1963 - Mais Bossa com Os Cariocas
1964 - A grande bossa dos Cariocas
1965 - Os Cariocas (coletânea)
1965 - Os Cariocas de quatrocentas Bossas
1966 - Arte & Vozes
1966 - Passaporte
1975 - Os Cariocas (coletânea)
1979 - A arte de Os Cariocas (coletânea)
1988 - O melhor de Os Cariocas (coletânea)
1990 - Minha namorada
1992 - Reconquistar
1994 - Os Cariocas - Mestres da MPB (coletânea)
1997 - Tim Maia & Os Cariocas - Amigo do Rei
1997 - A Bossa Brasileira
1998 - Os Cariocas - Os grandes da MPB (coletânea)
1999 - Crooner
2001 - Os Clássicos Cariocas

Participações especiais

1959 - Orquestra Pan American - Samba internacional
1960 - Orquestra Pan American - Star dust
1962 - Metais e vozes em festival - orquestra e coral de Severino Filho
1966 - A quem possa interessar
1978 - O Fino ... - Os grandes momentos
1989 - Cidadão - Moraes Moreira
1990 - Bossa Nova Wonderland
1991 - Noel Rosa - songbook
1991 - Rio Show Festival - A noite da Bossa Nova
1992 - Vinícius de Moraes - volumes 2 e 3 - songbook
1993 - Dorival Caymmi - volume 3 - songbook Luminar
1994 - Carlos Lyra - songbook
1995 - Ary Barroso - volume 2 - songbook
1996 - Bossa Nova - O amor, o sorriso e a flor - 3 volumes
1996 - Tom Jobim - volume 2 - songbook Luminar
1997 - Casa da Bossa
1999 - João Donato - volume 3 - songbook
2004 - Hino do Fome Zero (Roberto Menescal/Abel Silva) participo ao lado de Gilberto Gil e outros cantores.

" ROBERTO MENESCAL "


Roberto Batalha Menescal (Vitória, 25 de outubro de 1937)
é um músico brasileiro. Foi um dos fundadores do movimento bossa nova.
Participava das reuniões no apartamento da cantora Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana, onde o movimento começou. Menescal é um dos mais importantes compositores, ao lado de Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes. Criou canções que hoje são consideradas hinos do movimento e da própria música popular, como O barquinho, Você, Nós e o mar, Ah se eu pudesse, Rio, entre outras. Ronaldo Bôscoli é um de seus parceiros mais constantes.
Suas canções quase sempre apresentam o mar como temática.
Como músico, acompanhou em shows e gravações, Nara Leão, Wanda Sá, Sylvia Telles, Lúcio Alves, Maysa, Aracy de Almeida, Dorival Caymmi, Elis Regina, entre outros.
Tocou ao lados dos músicos Luiz Eça, Luiz Carlos Vinhas, Bebeto Castilho, Hélcio Milito, Eumir Deodato, Ugo Marotta, Sergio Barrozo, Oscar Castro Neves, João Palma, Edison Machado, Wilson das Neves, Antônio Adolfo, Hermes Contesini, José Roberto Bertrami, João Donato e tantos outros.
Além de músico, é produtor musical, tendo iniciado esse trabalho em 1964, com o LP Vagamente, disco de estréia da cantora Wanda Sá. Tempos depois, passou a produzir discos para a gravadora Polygram (atualmente Universal Music), onde também foi diretor artístico entre 1970 e 1986.
Compôs a trilha sonora dos filmes Joana Francesa e Bye Bye Brasil, ambos de Cacá Diegues, e em parceria com Chico Buarque.
Atualmente, além de tocar violão e guitarra, dirige um selo musical e gerencia novos grupos e projetos musicais, como o Bossacucanova. Seu último trabalho foi produzir um documentário sobre bossa nova, chamado Coisa mais linda, em 2005, com seu velho amigo Carlos Lyra.
Produziu discos de artistas como Elis Regina, Nara Leão, Chico Buarque, Maysa, MPB-4, Maria Bethânia, Leila Pinheiro, Cauby Peixoto, Os Cariocas, Leny Andrade, Danilo Caymmi, Wanda Sá, entre outros.

" SYLVINHA TELLES "


Sylvia Telles(Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1934 —
Maricá, 17 de dezembro de 1966), também conhecida como Sylvinha Telles,
foi uma cantora brasileira e uma das intérpretes dos primórdios da bossa nova.
A maioria de seus discos estão fora de catálogo, o que dificulta o seu conhecimento pelas gerações recentes. Porém, ocasionalmente é lançada uma compilação com algumas de suas inúmeras gravações.
Segundo matéria publicada em O Globo e assinada por João Máximo: "Sylvinha foi uma das melhores intérpretes da moderna música brasileira, entendendo-se como tal a que vai de Ponto final - com Dick Farney e Amargura, com Lúcio Alves, até as canções que Tom e Vinicius fizeram depois de Orfeu da Conceição".
Sylvia era filha de Maria Amélia D'Atri, natural da França, e do carioca Paulo Telles, um amante da música clássica. Seu irmão mais velho, Mário Telles,
também foi músico.
Ela estudou no Colégio Sagrado Coração de Maria e sonhava em se tornar bailarina, mas, ao realizar um curso de teatro, descobriu que seu talento era realmente cantar.

Em 1954, Billy Blanco, amigo da família, notou o dom de Sylvinha e apresentou-a a amigos músicos. Nas reuniões que eles faziam, pôde conhecer os grandes nomes do rádio da época, tais como Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, que a ajudou a encontrar trabalho em boates para o início de sua carreira profissional.
Nessa época, conheceu seu primeiro namorado, o cantor e violonista João Gilberto, amigo de Mário; o relacionamento acabou porque a família Telles não gostava do jovem, que vivia de favor na casa dos outros.
No ano seguinte, Garoto escreveu-lhe um musical, chamado Gente de bem e champanhota, executado no Teatro Follies de Copacabana. Na ocasião, o músico e advogado José Cândido de Mello, o Candinho, acompanhou Sylvinha na canção Amendoim torradinho, por Henrique Beltrão. Eles se apaixonaram à primeira vista. Pouco tempo depois, morreu Garoto, sem poder ver o lançamento do primeiro disco de Telles.
Sylvinha e Candinho casaram-se e tiveram uma filha, Cláudia Telles.
Em 1956, ela e seu marido apresentaram pela TV Rio o programa Música e romance, recebendo como convidados Tom Jobim, Dolores Duran, Johnny Alf e Billy Blanco. Contudo, o casal logo se separou.
Em 1958, o local de encontro dos músicos passou a ser o apartamento de Nara Leão, então com quinze anos de idade. Ronaldo Bôscoli, que frequentava as reuniões, atuava como produtor musical do grupo. Sylvia Telles, que já era um nome conhecido, foi então chamada para participar de um espetáculo no Grupo Universitário Hebraico, juntamente com Carlos Lyra, Roberto Menescal, entre outros. Foi neste show,
"Carlos Lyra, Sylvia Telles e os seus Bossa nova", que a expressão "bossa nova" foi divulgada pela primeira vez.
Sylvinha Telles chegou a fazer turnês em outros países, como Estados Unidos, Suíça, França e Alemanha.
Em 1963, já divorciada de Candinho, Sylvia casou-se com o produtor musical Aloysio de Oliveira, separando-se no ano seguinte por causa de ciúme.
Aloysio casou-se com Cyva, do Quarteto em Cy, posteriormente.

Aos trinta e dois anos de idade, Sylvia Telles morreu em um acidente de automóvel na rodovia Amaral Peixoto, no município de Maricá, em companhia de seu namorado Horacinho de Carvalho, filho da socialite Lily de Carvalho Marinho.
Eles se dirigiam à fazenda de Horacinho no município, mas Horacinho dormiu ao volante, algo que acontecera à própria Sylvia dois anos antes,
enquanto voltava de um show.

Apresentações

1955 - "Gente de bem e champanhota" - teatro Follies, Rio de Janeiro
1959 - I Festival de Samba Session - Faculdade Nacional de Arquitetura, Praia Vermelha - Rio de Janeio
1964 - "O remédio é bossa" - com a presença de Tom Jobim, Os Cariocas, Alaíde Costa, Carlos Lyra e outros. Realizado no Teatro Paramount, de São Paulo
1966 - "Sylvia Telles e Edu Lobo" - se apresentaram na República Federal da Alemanha.

Discografia

1955 - Amendoim torradinho (Henrique Beltrão)/Desejo (Garoto/José Vasconcelos/Luiz Cláudio) - 78rpm - gravadora Odeon
1955 - Menina (Carlos Lyra)/Foi a noite (Tom Jobim/Newton Mendonça - 78rpm - gravadora Odeon
1957 - Carícia - incluindo a canção "Chove lá fora" Tito Madi - Lp/Cd - gravadora Odeon
1959 - Silvia - incluindo a música "Estrada do sol" (Tom Jobim/Dolores Duran) - Lp/Cd - gravadora Odeon
1959 - Amor de gente moça - incluindo as canções "Só em teus braços" (Tom Jobim) e "A felicidade" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) - Lp/Cd - gravadora Odeon. Consagrou-a como cantora profissional
1960 - Amor em Hi-Fi - Lp/Cd - gravadora Philips
1961 - Sylvia Telles USA - Lp/Cd - gravadora Philips
1962 - Bossa nova mesmo - Carlos Lyra, Laís, Lúcio Alves, Vinicius de Moraes e o conjunto Oscar Castro Neves - Lp - gravadora Philips
1963 - Bossa, balanço, balada - Lp/Cd - gravadora Elenco
1964 - Bossa session - Lúcio Alves e Roberto Menescal e o seu conjunto - Lp/Cd - gravadora Elenco
1964 - It might as well be spring - Lp/Cd - gravadora Elenco)
1964 - The face I love - Lp/Cd - gravadora Knapp (atual Universal Records) (versão americana do LP "It might as well be spring")
1965 - The music of Mr. Jobim by Sylvia Telles - Lp/Cd - gravadora Elenco.
1965 - Sylvia Telles sings the wonderful songs of Antonio Carlos Jobim - Lp/Cd - gravadora Knapp (atual Universal Records) (versão americana do LP "The music of Mr. Jobim by Sylvia Telles")
1966 - Reencontro - Edu Lobo, Tamba Trio e o Quinteto Villa-Lobos - LP/Cd - gravadora Elenco
1966 - Folklore e Bossa Nova do Brasil - com Edu Lobo, Rosinha de Valença e outros - LP/Cd - Gravadora Saba (Alemanha)
[editar] Tributo
1997 - Por causa de você - dedicado à Sylvinha Telles - Cd.

" CARLOS LYRA "


Carlos Eduardo Lyra Barbosa (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1939)
é um cantor, compositor e violonista brasileiro.
É um importante músico da bossa nova. Autor das canções Maria Ninguém,
Minha Namorada, Ciúme, Lobo bobo, Menina, Maria moita, Se é tarde me perdoa,
entre outras.
Lançou em 2005, com Roberto Menescal, um documentário sobre a bossa nova chamado Coisa mais linda.
Foi casado com a ex-atriz Kate Lyra, que fazia o papel "Brasileiro é tão bonzinho".

Discografia

Bossa Nova (1959)
Carlos Lyra (1961)
Bossa Nova Mesmo (1962) - Carlos Lyra / Laís / Lúcio Alves /Silvia Telles / Vinícius de Moraes /Conjunto Oscar Castro Neves
Depois do carnaval, O Sambalanço de Carlos Lyra (1963)
Pobre Menina Rica (1964)
The Sound of Ipanema (1965) - Paul Winter / Carlos Lyra
Carlos Lyra (1967)
Carlos Lyra / Saravá (1969)
…E no Entanto é Preciso Cantar (1971)
Eu & Elas (1972)
Carlos Lyra (1974)
Herói do Medo (1975)
25 Anos de Bossa Nova (1987)
Bossa Lyra (1993)
Carioca de Algema (1994)
Songbook (1994)
Vivendo Vinícius ao Vivo (1999) - Baden Powell / Carlos Lyra / Miúcha / Toquinho
Enciclopédia musical brasileira (2000)
Millennium (2000)
Coisa mais linda – As canções de Carlos Lyra (2003)
Sambalanço (2004)
Carlos Lyra - 50 Anos de Música (2005)

" LUIZ BONFÁ "


Luiz Floriano Bonfá (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1922 —
Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2001) foi um cantor,
violonista, compositor brasileiro.
Bonfá nasceu no dia 17 de Outubro de 1922 no Rio de Janeiro.
Aprendeu sozinho, quando criança, a tocar violão. Quando completou 13 anos passou a ter aulas com o Uruguaio Isaías Sávio. Tais aulas se tornaram muitos cansativas para Bonfá, que tinha de sair de sua casa na periferia do Rio, andar uma grande porção do caminho a pé e depois pegar um bonde para Santa Teresa, onde morava o professor. Devido à extraordinária dedicação de Bonfá, Isaías não lhe cobrava as aulas.


Um dos integrantes do primeiro grupo de músicos da bossa nova, compositor de clássicos como "Manhã de Carnaval" e "Samba do Orfeu" (ambas com Antônio Maria), Bonfá começou a tocar violão de ouvido, na infância, no Rio. Aos 12 anos passou a ter aulas de violão clássico com o uruguaio Isaias Savio. Na década de 1940 tocou na Rádio Nacional, ao lado de Garoto. Participou de alguns conjuntos, como o Quitandinha Serenaders, até começar a carreira solo, como violonista. Teve atuação destacada como compositor, e seus primeiros sucessos foram gravados por Dick Farney, em 1953. A peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, foi um marco em sua carreira. Tocou violão na gravação do disco da peça em 1956 e, três anos depois, compôs algumas das faixas que compunham a trilha sonora do filme de Marcel Camus ("Orfeu do Carnaval") inspirado na peça. Participou do Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova York, 1962, sempre respeitado como compositor refinado e exímio violonista. Uma de suas características é tocar fazendo amplo uso do recurso das cordas soltas, o que confere uma sonoridade ampla e grandiosa. Gravou diversos discos nos EUA que não foram lançados no Brasil. Voltou a gravar no Brasil no fim dos anos 1980 e anos 1990, lançando discos bem-sucedidos também nos Estados Unidos. "Almost In Love", composição de Bonfá, foi a única música brasileira gravada por Elvis Presley. Frank Sinatra, Sarah Vaughan, George Benson, Tony Bennett, Julio Iglesias, Diana Krall e Luciano Pavarotti são outros intérpretes que já cantaram músicas de Bonfá. Outros sucessos são "De Cigarro em Cigarro", "Correnteza" (em parceria com Tom Jobim), "The Gentle Rain", "Menina Flor", "Mania de Maria" e "Sem Esse Céu".

" RONALDO BÔSCOLI "


Ronaldo Fernando Esquerdo e Bôscoli (Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1928 — 18 de novembro de 1994) foi um compositor, produtor musical e jornalista brasileiro.
Nascido numa família de artistas, era sobrinho-bisneto da compositora Chiquinha Gonzaga e primo do ator Jardel Filho, e teve como primeira profissão (em 1951)
o trabalho num jornal, Diário da Noite, como jornalista esportivo, período limitado à juventude. Época que iniciou amizade com Vinicius de Moraes, que já havia jogado o seu charme para sua irmã, Lila, com quem se casaria tempos depois.
Amigo de vários músicos e artistas e disposto a trocar as redações pela noite carioca. Em 1957 escreveu sua primeira letra, "Sente", musicada por Chico Feitosa e interpretada por Norma Benguel no mesmo ano. Nesta época, reunia-se no apartamento de Nara Leão, com quem tinha um relacionamento. Compunha com outros artistas as canções que ficariam conhecidas como estilo bossa nova. Um dos grandes nomes do movimento, compôs, com Roberto Menescal, as célebres "O Barquinho", "Nós e o Mar", "Telefone" e "Balançamba". Escreveu com Carlos Lyra duas canções – "Lobo Bobo" e "Saudade Fez Um Samba" – para o histórico disco "Chega de Saudade", de João Gilberto, lançado em 1959.
Teve também um relacionamento com a cantora Maysa Monjardim, ex-Matarazzo.
Com Luís Carlos Miele produziu diversos espetáculos, o primeiro pocket-show, expressão criada por ele, apresentando, no Little Club, Odete Lara com Sergio Mendes e Conjunto. Organizou e dirigiu dezenas de shows em boates no lendário Beco das Garrafas, onde ganhou o apelido de "O Véio", não só por ser mais velho que a turma de artistas, mas pelo jeito ranzinza e reacionário. Também a produção televisiva de "O Fino da Bossa", apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues. Ronaldo Bôscoli se casou com Elis Regina em 1967.
Ainda ao lado de Miele, trabalhou como produtor musical durante 24 anos, produzindo os espetáculos de Roberto Carlos, e na Rede Globo originando programas como "Brasil Pandeiro" (com Beth Faria), "Alerta Geral" (com Alcione) e "Bibi 78 e 79" (com Bibi Ferreira).
É pai do produtor musical João Marcelo Bôscoli, filho que teve com Elis Regina.
Durante a década de 80 seguiu escrevendo programas para a TV Globo e produzindo um show anual de Roberto Carlos, mas deixou de ter a mesma influência no cenário musical.
Lutou contra o câncer de próstata até morrer, em 1994.
Em 2009, o produtor foi interpretado pelo ator Mateus Solano na minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, de autoria de Manoel Carlos, que retratou, no início do ano, a carreira e a vida de Maysa.

" NARA LEÃO "


Nara Lofego Leão (Vitória, 19 de janeiro de 1942 — Rio de Janeiro, 7 de junho de 1989) foi uma cantora brasileira.
Filha caçula do casal capixaba Jairo Leão e Altina Lofego Leão, Nara nasceu em Vitória e mudou-se para a Cidade do Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Durante a infância, Nara teve aulas de violão com Solon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo "Os Oito Batutas" de Pixinguinha. Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá Ferreira, em Copacabana. Mais tarde, Nara tornou-se professora da academia.

A Bossa Nova nasceu em reuniões no apartamento dos pais da cantora, em Copacabana, das quais participavam nomes que seriam consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e seu então namorado, Ronaldo Bôscoli. No fim dos anos 1950, Nara foi repórter do jornal "Última Hora", onde Bôscoli também trabalhava, e que pertencia a Samuel Wainer, casado com a irmã de Nara, Danuza Leão. O namoro com Bôscoli terminou quando ele a traiu e iniciou um caso com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires, em 1961. Daí em diante, Nara se reaproxima de Carlos Lyra, que rompera com Bôscoli em 1960, e de idéias mais à esquerda. Inicia um namoro com o cineasta Ruy Guerra e passa a se interessar pelo samba de morro.
A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963). O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o movimento militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte, interpretando Carcará, pois Nara precisara se afastar por estar afônica. Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE. Embora os CPC's já tivessem sido extintos pela ditadura, em 1964, o espetáculo Opinião tem forte influência do espírito cepecista. Em 1966, interpretou a canção A Banda, de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o festival e público brasileiro.
Dentre as suas interpretações mais conhecidas, destacam-se O barquinho, A Banda e Com Açúcar e com Afeto -- feita a seu pedido por Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homônimo, lançado em 1980.
Nara também aderiu ao movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento - Tropicália ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje em CD.
Já separada alguns anos de Ruy, ela casa-se com o cineasta Cacá Diegues, com quem teve dois filhos: Isabel e Francisco. No fim dos anos 1960, se muda para a Europa com o marido, permanecendo lá por três anos. Ela morou na França, na cidade de Paris, onde nasceu Isabel.
No começo dos anos 1970, ela volta para o Brasil, tem o segundo filho, Francisco, e decide estudar psicologia na PUC-RJ. De fato, Nara planejava abandonar a música mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e modificando o estilo dos espetáculos, pois era muito cansativa a vida de uma cantora.

Morreu na manhã de 7 de junho de 1989 vítima de um tumor cerebral inoperável aos 47 anos de idade. Ela já sabia do tumor, e sofria com esse problema havia 10 anos. O tumor estava numa área muito delicada do cérebro, sendo inoperável. O último disco foi My foolish heart, lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Em 2002, seus discos lançados anteriormente em LPs foram relançados em duas caixas separadas - uma com o período 1964-1975 e a outra 1977-1989 - trazendo também faixas-bônus e um livreto sobre sua biografia. Mesmo depois de ter morrido há anos, suas músicas ainda eram sucesso, como até hoje são.
Em cartaz, de 21/4 a 24/6/2010, o espetáculo "Nara", conta a vida da cantora. Com direção de Márcio Araújo e Fernando Couto e Músicos no elenco, "Nara" está sendo encenada no Teattro Augusta, que fica na Rua Augusta, 943. Quartas e quintas as 21h. Ingresso R$ 30 (inteira)

Discografia

1964 - Nara
1964 - Opinião de Nara
1965 - O Canto Livre de Nara
1965 - Cinco na Bossa
1965 - Show Opinião
1966 - Nara Pede Passagem
1966 - Manhã de Liberdade
1966 - Liberdade, Liberdade
1967 - Nara
1967 - Vento de Maio
1968 - Nara Leão
1969 - Coisas do Mundo
1971 - Dez Anos Depois
1974 - Meu Primeiro Amor
1977 - Meus Amigos São Um Barato
1978 - Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos
1979 - Nara Canta en Castellano
1980 - Com Açúcar, Com Afeto
1981 - Romance Popular
1982 - Nasci Para Bailar
1983 - Meu Samba Encabulado
1984 - Abraços E Beijinhos e Carinhos Sem Ter Fim… Nara
1985 - Nara e Menescal - Um Cantinho, Um Violão
1986 - Garota de Ipanema
1987 - Meus Sonhos Dourados
1989 - My Foolish Heart

quinta-feira, 3 de junho de 2010

" JOÃO GILBERTO "


João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (Juazeiro, 10 de junho de 1931)
é um músico brasileiro, considerado o criador do ritmo bossa nova.
Nascido na Bahia, na cidade sertaneja de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e, desde então, jamais o largou. Na década de 1940, adorava escutar de Duke Ellington e Tommy Dorsey até Dorival Caymmi e Dalva de Oliveira. Aos 18 anos decide se mudar para Salvador com intenção de ser cantor de rádio e crooner. Em seguida, foi para o Rio de Janeiro, em 1950, e teve algum sucesso cantando no grupo Garotos da Lua. Entretanto, foi posto para fora da banda por indisciplina, passando alguns anos numa existência marginal, ainda que obcecado com a idéia de criar uma nova forma de expressar-se com o violão. Seu esforço finalmente foi recompensado e, após conhecer Tom Jobim - pianista acostumado à música clássica e também compositor, influenciado pela música norte-americana da época (principalmente o jazz) - e um grupo de estudantes universitários de classe média, também músicos, lançaram o movimento que ficou conhecido por bossa nova.

O ritmo da bossa nova é uma mistura do ritmo sincopado da percussão do samba numa forma simplificada e a ao mesmo tempo sofisticada, que pode ser tocada num violão (sem acompanhamento adicional), cuja técnica foi inventada por João Gilberto. Quanto à técnica vocal (parte integral do conceito de bossa nova), é uma técnica de cantar em tom de voz uniforme, com voz emitida sem vibrato, e com um fraseado disposto de forma única e não-convencional (ora antecipando, ora depois da base rítmica), e de forma a eliminar quase todo o ruído da respiração e outras imperfeições.

Apesar da fama com a então recém-criada bossa nova, sua primeira gravação lançada comercialmente foi uma participação como violonista no disco de Elizeth Cardoso de 1958 intitulado Canção do Amor Demais, composto por canções de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Pouco depois desta gravação, João Gilberto gravou seu primeiro LP, Chega de Saudade. A faixa-título, composta por Tom e que também aparecia no álbum de Elizeth Cardoso, foi sucesso no Brasil, lançando a carreira de João Gilberto e, por conseqüência, todo o movimento da bossa nova. Além de algumas composições de Tom Jobim, o álbum apresentava sambas mais antigos e músicas populares na década de 1930, porém todas tocadas em ritmo de bossa nova. Este álbum foi seguido de outros dois, em 1960 e 1961, nos quais ele apresentou músicas novas de uma nova geração de cantores e compositores, como Carlos Lyra e Roberto Menescal. Por volta de 1962, a bossa nova tinha sido adotada por músicos de jazz norte-americanos, tais como Herbie Mann, Charlie Byrd e Stan Getz. A convite de Stan Getz, João Gilberto e Tom Jobim colaboraram naquele que se tornou um dos melhores álbuns de jazz de todos os tempos, Getz/Gilberto. Com este álbum, Astrud Gilberto esposa de João Gilberto na época, se tornou uma estrela internacional, e a composição de Jobim "Garota de Ipanema" (em sua versão em inglês, "The Girl from Ipanema") se tornou um sucesso mundial, e modelo pop para todas as idades.

João Gilberto continuou a fazer espetáculos na década de 1960, porém não lançou outros trabalhos até 1968, quando gravou Ela é Carioca, durante o tempo em que residiu no México. O disco João Gilberto, algumas vezes chamado de "o álbum branco" da bossa nova (em alusão ao álbum branco dos Beatles) foi lançado em 1973, e apresenta uma sensibilidade musical quase mística, sua primeira mudança de estilo perceptível após uma década. O ano de 1976 viu o lançamento do disco The Best of Two Worlds, com a participação de Stan Getz e da cantora Miúcha, que se tornara a segunda esposa de João Gilberto em abril de 1965, com quem tem uma filha, a cantora Bebel Gilberto. Amoroso, de 1977, teve os arranjos de Claus Ogerman, que buscou uma sonoridade similar à de Tom Jobim. O repertório era composto de velhos sambas e alguns padrões musicais norte-americanos da década de 1940.

Nos anos 80 no Brasil, João Gilberto colaborou com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia (criadores, em fins da década de 1960, do movimento conhecido como Tropicália). Em 1991 lançou o disco João, que não tinha nenhuma composição de Tom Jobim. Ao invés disso, teve trabalhos de Caetano, Cole Porter e de compositores de língua espanhola. João Voz E Violão, lançado em 2000, assinalou um retorno aos clássicos da bossa nova, como "Chega de Saudade" e "Desafinado". O CD, uma homenagem à música de sua juventude, foi produzido por Caetano Veloso.

Intercaladas com estas gravações em estúdio, surgiram também gravações ao vivo, como Live in Montreux, Prado Pereira de Oliveira ou Live at Umbria Jazz.

A ultima de raras turnês de João aconteceu em 2008 no Brasil, em duas apresentações no Auditório Ibirapuera em São Paulo e tiverem todos os ingressos vendidos em aproximadamente uma hora e no Rio de Janeiro, para uma apresentação no Theatro Municipal, o mesmo aconteceu. Nos concertos de São Paulo as grandes surpresas foram a execução de canções não antes registradas por João, como 13 de Ouro, Dor de Cotovelo, Hino Ao Sol / O Mar, Chove Lá Fora, Dobrado de Amor a São Paulo, e uma música inédita de sua própria autoria, em homenagem ao Japão.

De personalidade perfeccionista, em seus shows não tolera celular, cochichos na platéia, ar-condicionado barulhento ou caixas de som desreguladas.Faz raríssimas apresentações e já abandonou algumas delas por falta de silêncio.
É considerado um gênio, lenda viva da música popular brasileira. Seus shows quando anunciados tem os ingressos esgotados nas primeiras horas de venda.
Em 2009, uma fita com gravações de 1958 de Gilberto vazou na web. Considerado material raríssimo foi recebido com entusiasmo por fãs.
Em sua versão em CD, o álbum João, de 1991, trouxe duas faixas-bônus: Sorriu pra mim e Que reste-t-il de nos amours. Isso também aconteceu com o relançamento de Prado Pereira de Oliveira, que incluiu as canções Aquarela do Brasil, Bahia com H, Tim tim por tim tim e Estate, que não entraram no LP original por problemas de espaço.

Discografia

Quando Você Recordar/Amar É Bom - 78 rpm single (Todamerica, 1951)
Anjo Cruel/Sem Ela - 78 rpm single (Todamerica, 1951)
Quando Ela Sai/Meia Luz - 78 rpm single (Copacabana, 1952)
Chega de Saudade/Bim Bom - 78 rpm single (Odeon, 1958)
Desafinado/Hô-bá-lá-lá - 78 rpm single (Odeon, 1958)
Chega de Saudade (Odeon, 1959)
O Amor, o Sorriso e a Flor (Odeon, 1960)
João Gilberto (Odeon, 1961)
Brazil's Brilliant João Gilberto (Capitol, 1961)
João Gilberto Cantando as Músicas do Filme Orfeu do Carnaval (Odeon, 1962)
Boss of the Bossa Nova (Atlantic, 1962)
Bossa Nova at Carnegie Hall (Audo Fidelity, 1962)
The Warm World of João Gilberto (Atlantic, 1963)
Getz/Gilberto (Verve, 1963)
Herbie Mann & João Gilberto (Atlantic, 1965)
Getz/Gilberto vol. 2 (Verve, 1966)
João Gilberto en México (Orfeon, 1970)
João Gilberto (Philips, 1970)
João Gilberto (Polydor, 1973)
The Best of Two Worlds (CBS, 1976)
Amoroso (Warner/WEA, 1977)
Gilberto and Jobim (Capitol, 1977)
João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (WEA, 1980)
Brasil (WEA, 1981)
Interpreta Tom Jobim (EMI/Odeon, 1985)
Meditação (EMI, 1985)
Live at the 19th Montreux Jazz Festival (WEA, 1986)
João Gilberto Live in Montreux (Elektra, 1987)
O Mito (EMI, 1988)
The Legendary João Gilberto (World Pacific, 1990)
João (PolyGram, 1991)
João (Polydor, 1991)
Eu Sei que Vou Te Amar (Epic/Sony, 1994)
João Voz e Violão (Universal/Mercury, 2000)
Live At Umbria Jazz (EGEA, 2002)
João Gilberto in Tokyo (Universal, 2004)

" TOM JOBIM "


Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1927 — Nova Iorque, 8 de dezembro de 1994), mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro.
É considerado um dos maiores expoentes da música brasileira e um dos criadores do movimento da bossa nova. É praticamente uma unanimidade entre críticos e público em termos de qualidade e sofisticação musical.

Nascido no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Tom mudou-se com a família no ano seguinte para Ipanema, onde foi criado. A ausência do pai, Jorge de Oliveira Jobim, durante a infância e adolescência lhe impôs um contido ressentimento, desenvolvendo no maestro uma profunda relação com a tristeza e o romantismo melódico, transferido peculiarmente para as construções harmônicas e melódicas. Aprendeu a tocar violão e piano em aulas, entre outros, com o professor alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.
No dia 15 de outubro de 1949, Antônio Carlos Jobim casou-se com Thereza Otero Hermanny (1985), com quem teve dois filhos, Paulo (n. 1950) e Elizabeth (1957).

Em 30 de abril de 1986,ele casou-se com a fotógrafa e vocalista da Banda Nova, Ana Beatriz Lontra,que tinha a mesma idade de sua filha Elizabeth. Tom e sua segunda esposa tiveram dois filhos juntos, João Francisco (1979-1998 e Maria Luiza (1987).
Declarou em entrevista à TV Globo, em 1987, que o Rio de Janeiro onde viveu sua infância era muito diferente do Rio que se encontrava na época da entrevista.
Pensou em trabalhar como arquiteto, chegando a cursar o primeiro ano da faculdade e até a se empregar em um escritório, mas logo desistiu e resolveu ser pianista. Tocava em bares e boates em Copacabana, como no Beco das Garrafas no início dos anos 1950, até que em 1952 foi contratado como arranjador pela gravadora Continental, onde trabalhou com Sávio Silveira. Além dos arranjos, também tinha a função de transcrever para a pauta as melodias de compositores que não dominavam a escrita musical. Datam dessa época as primeiras composições, sendo a primeira gravada "Incerteza", uma parceria com Newton Mendonça, na voz de Mauricy Moura.

Depois da Continental, foi para a Odeon. Entretanto, não tinha tanto tempo para se dedicar à composição, que lhe interessava mais. É nesse época que compõe alguns sambas, em parceria de Billy Blanco: Tereza da Praia, gravada por Lúcio Alves e Dick Farney pela Continental (1954), Solidão e a Sinfonia do Rio de Janeiro. Tereza da Praia o primeiro sucesso. Depois disso, ocorreram outras parcerias, como com a cantora e compositora Dolores Duran, na canção Se é por Falta de Adeus.
Em 1956 musicou a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes, que se tornou um de seus parceiros mais constantes. Dessa peça fez bastante sucesso a canção antológica Se Todos Fossem Iguais a Você, gravada diversas vezes. Tom Jobim fez parte do núcleo embrionário da bossa nova. O LP Canção do Amor Demais (1958), em parceria com Vinícius, e interpretações de Elizeth Cardoso, foi acompanhado pelo violão de um baiano até então desconhecido, João Gilberto. A orquestração é considerada um marco inaugural da bossa nova, pela originalidade das melodias e harmonias. Inclui, entre outras, Canção do Amor Demais, Chega de Saudade e Eu Não Existo sem Você. A consolidação da bossa nova como estilo musical veio logo em seguida com o 78 rotações Chega de Saudade, interpretado por João Gilberto, lançado em 1959, com arranjos e direção musical de Tom, selou os rumos que a música popular brasileira tomaria dali para frente. No mesmo ano foi a vez de Sílvia Telles gravar Amor de Gente Moça, um disco com 12 canções de Tom, entre elas "Só em Teus Braços", "Dindi" (com Aloysio de Oliveira) e "A Felicidade" (com Vinícius).
Tom foi um dos destaques do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York em 1962. No ano seguinte compôs, com Vinícius, um dos maiores sucessos e possivelmente a canção brasileira mais executada no exterior: "Garota de Ipanema". Nos anos de 1962 e 1963 a quantidade de "clássicos" produzidos por Tom é impressionante: "Samba do Avião", "Só Danço Samba" (com Vinícius), "Ela é Carioca" (com Vinícius), "O Morro Não Tem Vez", "Inútil Paisagem" (com Aloysio), "Vivo Sonhando". Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of Desafinado, Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music.

O sucesso fora do Brasil o fez voltar aos EUA em 1967 para gravar com um dos grandes mitos americanos, Frank Sinatra. O disco Francis Albert Sinatra e Antônio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman, incluiu versões em inglês das canções de Tom ("The Girl From Ipanema", "How Insensitive", "Dindi", "Quiet Night of Quiet Stars") e composições americanas, como "I Concentrate On You", de Cole Porter. No fim dos anos 1960, depois de lançar o disco Wave (com a faixa-título, Triste, Lamento entre outras instrumentais), participou de festivais no Brasil, conquistando o primeiro lugar no III Festival Internacional da Canção (Rede Globo), com Sabiá, parceria com Chico Buarque, interpretado por Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy. Sabiá conquistou o júri, mas não o público, que vaiou ostensivamente a interpretação diante dos constrangidos compositores.
Aprofundando seus estudos musicais, adquirindo influências de compositores eruditos, principalmente Villa-Lobos e Debussy, Tom Jobim prosseguiu gravando e compondo músicas vocais e instrumentais de rara inspiração, juntando harmonias do jazz (Stone Flower) e elementos tipicamente brasileiros, fruto de suas pesquisas sobre a cultura brasileira. É o caso de "Matita Perê" e "Urubu", lançados na década de 1970, que marcam a aliança entre sua sofisticação harmônica e sua qualidade de letrista. São desses dois discos Águas de Março, Ana Luiza, Lígia, Correnteza, O Boto, Ângela. Também nessa época grava discos com outros artistas, como Elis e Tom, com Elis Regina, Miúcha e Tom Jobim e Edu e Tom, com Edu Lobo.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985) abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Túmulo de Tom Jobim no Cemitério São João Batista, RJ.Em 1987, lançou Passarim, obra de um compositor já consagrado, que pode desenvolver seu trabalho sem qualquer receio, acompanhado por uma banda grande, a Banda Nova. Além da faixa-título, Gabriela, Luiza, Chansong, Borzeguim e Anos Dourados (com Chico Buarque) são os destaques. Em 1992 foi enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Seu último álbum, Antônio Brasileiro, foi lançado em 1994, pouco antes da sua morte de parada cardíaca quando estava se recuperando de um câncer de bexiga, em dezembro, nos EUA.
Algumas biografias foram publicadas, entre elas Antônio Carlos Jobim, um Homem Iluminado, de sua irmã Helena Jobim, Antônio Carlos Jobim - Uma Biografia, de Sérgio Cabral, e Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tárik de Souza e Tessy Callado.
Antônio Carlos Jobim era doutor «honoris causa» pela Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, por volta de 1991.
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim ' junto ao Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, Antônio Cândido, Antônio Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.

Composições Consagradas

"Chega de Saudade" (1957), o marco inicial da bossa nova
"Água de Beber"
"Desafinado" (1959), vencedora de três prêmios Grammy
"Samba de Uma Nota Só" (1959)
"A Felicidade" e "O Nosso Amor", do filme Orfeu Negro (1959)
"Insensatez" (com Vinícius de Moraes) (1960)
"Garota de Ipanema" (com Vinícius de Moraes) (1963)
"Fotografia" (1965)
"Triste" (1967)
"Wave" (1967)
"Águas de Março" (1970)
"Luiza"
"Corcovado"
"Dindi"
"Retrato em Branco e Preto" (com Chico Buarque)
"Samba do Avião"
"Anos Dourados"
"Meditação"
"Só Tinha de Ser com Você" (1974)
"Sabiá"
"Eu sei que vou te amar"
"Falando de amor"
"Ela é carioca"
"Bebel"


Discografia Álbuns de estúdio Solo

The Composer of Desafinado, Plays (Verve, 1963)
Antonio Carlos Jobim (Elenco, 1964), reedição brasileira do álbum acima, com capa e título diferentes.
The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (Warner, 1964)
A Certain Mr. Jobim (Warner, 1965)
Wave (A&M/CTI, 1967)
Stone Flower (CTI, 1970)
Tide (A&M/CTI, 1970)
Matita Perê (Philips, 1973)
Jobim (MCA, 1973), reedição estadunidense do álbum acima, com capa e título diferentes. A diferença é que contém uma faixa a mais: "Waters of March".
Urubu (Warner, 1975)
Terra Brasilis (Warner, 1980)
Passarim (PolyGram, 1987)
Antonio Brasileiro (Columbia, 1994)
Inédito (BMG, 1995)

Com parcerias ou como contribuidor

O Pequeno Príncipe (Festa, 1957), um audiolivro cuja trilha sonora foi composta por Jobim.
Sinfonia do Rio de Janeiro (Continental, 1954), parceira com Billy Blanco.
Orfeu da Conceição (Odeon, 1956)
Canção do Amor Demais - Elizete Cardoso (Festa, 1958)
Amor de gente moça - Silvia Telles (Odeon, 1959)
Chega de Saudade - João Gilberto (Odeon, 1959)
Por tôda a minha vida - Lenita Bruno (Festa, 1959)
Brasília - Sinfonia da Alvorada (Columbia, 1960)
O Amor, o Sorriso e a Flor - João Gilberto (Odeon, 1960)
João Gilberto - João Gilberto (Odeon, 1961)
Getz/Gilberto - Stan Getz, João Gilberto (Verve, 1963)
Jazz Samba Encore! (MGM/Verve, 1963)
Caymmi Visita Tom (Elenco, 1965), parceria com Dorival Caymmi e seus filhos, Danilo Caymmi, Dori Caymmi e Nana Caymmi
Garota de Ipanema - vários intérpretes (Philips, 1967), trilha sonora do filme homônimo.
Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (Reprise, 1967)
The Adventurers (Paramount, 1970), trilha sonora do filme homônimo.
Sinatra & Company - Frank Sinatra e Antonio Carlos Jobim (Reprise, 1971)
Elis & Tom (PolyGram, 1974), parceria com Elis Regina.
Miucha & Antonio Carlos Jobim - vol. I (RCA, 1977), parceria com Miúcha.
Miucha & Tom Jobim - vol. II (RCA, 1979), parceria com Miúcha.
Edu & Tom (PolyGram, 1981), parceria com Edu Lobo.
Gabriela (RCA, 1983), trilha sonora original do filme Gabriela, Cravo e Canela.
O Tempo e o Vento (Som Livre, 1985)

Compactos

Disco de bolso - O Tom de Tom Jobim e o tal de João Bosco (Zen Editora, 1972)

Álbuns ao vivo

Tom, Vinicius, Toquinho, Miucha - gravado ao vivo no Canecão, Rio de Janeiro (Som Livre, 1977)
Rio Revisited - Tom Jobim & Gal Costa (Verve/Polygram, 1989)
Tom Canta Vinícius (Universal, 2000)
Em Minas ao Vivo: Piano e Voz (Biscoito Fino, 2004)
Ao Vivo em Montreal (Biscoito Fino, 2007)

Compilações

Antonio Carlos Jobim: Composer (Warner, 1995)
Sinatra-Jobim Sessions (WEA, 1979)
Meus Primeiros Passos e Compassos (Revivendo, 1997)
Raros Compassos (Revivendo, 2000), lançado em três volumes.

Álbuns de tributo

The Antonio Carlos Jobim Songbook (Verve, 1994) - interpretado por vários artistas, como Ella Fitzgerald, Oscar Peterson e Dizzy Gillespie, incluindo algumas músicas de álbuns que Tom Jobim participou, como o álbum Getz/Gilberto e The Composer of Desafinado, Plays.
Jobim Sinfônico (Biscoito Fino, 2002) - OSESP
Songbook Antonio Carlos Jobim (Lumiar, 1996) - interpretado por vários artistas e lançado em 5 volumes.

" TOQUINHO "


Antonio Pecci Filho, conhecido como Toquinho, (São Paulo, 6 de julho de 1946)
é um cantor, compositor e violonista brasileiro. Ganhou o hipocorístico Toquinho da mãe e já aos quatorze anos começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira. Estudou harmonia com Edgar Janulo, violão clássico com Isaías Sávio e fez curso de orquestração com Léo Peracchi. Teve aulas e tornou-se amigo de Oscar Castro Neves.
Começou se apresentando em colégios e faculdades e profissionalizou-se nos anos sessenta, em shows promovidos pelo radialista Walter Silva no famoso teatro Paramount em São Paulo. Compôs com Chico Buarque sua primeira canção a ser gravada, Lua cheia. Em 1969 acompanha Chico à Itália, pais onde até hoje se apresenta regularmente.
Em 1970, compõe, com Jorge Benjor, seu primeiro grande sucesso, Que Maravilha. Ainda nesse ano, Vinicius de Moraes, o mundialmente famoso compositor de Garota de Ipanema (com Tom Jobim), o convida para participar de uma série de espetáculos em Buenos Aires, formando uma sólida parceria que iria durar onze anos, 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos.
Após a morte do poetinha, Toquinho segue em carreira solo, ou às vezes se apresentando com uma cantora convidada ou com outros compositores, como Paulinho da Viola, Danilo Caymmi, Paulinho Nogueira e MPB-4, em discos e apresentações por vários paises.

Discografia

O Violão de Toquinho (1966)
La vita, amico, é l'arte dell'incontro (1969)
Toquinho (1970).
Vinicius de Moraes en "La Fusa" con Maria Creuza y Toquinho (1970)
Como Dizia o Poeta…Música Nova (1971)
Per vivere un grande amore (1971)
São Demais os Perigos desta Vida… (1971)
Toquinho e Vinícius (1971)
Vinicius + Bethania + Toquinho en La Fusa - Mar Del Plata (1971)
Vinícius Canta "Nossa Filha Gabriela" (1972)
O Bem Amado - trilha sonora original da telenovela (1973)
Poeta, Moça e Violão - Vinicius, Clara Nunes, Toquinho (1973)
Toquinho & Guarnieri - Botequim (1973)
Toquinho - Boca da Noite (1974)
Toquinho, Vinícius e Amigos (1974)
Fogo sobre Terra - trilha sonora original da telenovela (1974)
Toquinho e Vinícius (1974)
Vinícius / Toquinho (1975)
Toquinho e Vinícius - O Poeta e o Violão (1975)
La voglia, la pazzia, l'incoscienza, l'allegria (1976)
Toquinho - Il Brasile nella chitarra strumentale - Torino - Itália (1976)
Toquinho Tocando 1977 (1976)
The Best of Vinicius & Toquinho (1977)
Tom, Vinícius, Toquinho, Miúcha (1977)
Enciclopédia da Música Brasileira - Toquinho (1978)
Toquinho Cantando - Pequeno Perfil de um Cidadão Comum (1978)
10 Anos de Toquinho e Vinícius (1979)
Paulinho Nogueira e Toquinho - Sempre Amigos (1980)
Um Pouco de Ilusão (1980)
A Arca de Noé (1980)
A Arca de Noé - 2 (1980)
Toquinho, la chitarra e gli amici (1981)
Doce Vida (1981)
Toquinho ao Vivo em Montreaux (1982)
Toquinho - Acquarello (1983)
Toquinho - Acuarela (1983)
Toquinho - Aquarela (1983)
Casa de Brinquedos (1983)
Sonho Dourado (1984)
Bella la vita (1984)
A Luz do Solo (1985)
Coisas do Coração (1986)
Le storie di una storia sola (1986)
Vamos Juntos - Toquinho Live at Bravas Club'86 Tokyo (1986)
Canção de Todas as Crianças (1987)
Made in Coração (1988)
Toquinho in Canta Brasil (1989)
Toquinho - À Sombra de um Jatobá (1989)
Toquinho Instrumental (1990)
El viajero del sueño (1992)
Il viaggiatore del sogno (1992)
O Viajante do Sonho (1992)
La vita è l'arte dell'incontro (1993)
Trinta Anos de Música (1994)
Toquinho e suas Canções Preferidas (1996)
Canções dos Direitos da Criança (1997)
Brasiliando (1997)
Toquinho - Italiano (1999)
Toquinho - Paulinho Nogueira (1999)
Vivendo Vinicius - ao vivo - com Baden Powell, Carlos Lyra, Miúcha e Toquinho (1999)
Sinal Aberto - Toquinho e Paulinho da Viola (1999)
Coleção Toquinho e Orquestra (2001)
Canciones de los derechos de los niños (2001)
DVD - Toquinho (2001)
DVD - Toquinho Live Concert (lançado na Itália) (2001)
Toquinho - Amigos e Canções - Coletânea da Revista Reader's Digest (2002)
Herdeiros do Futuro - com Projeto Guri (2002)
Ensinando a Viver (2002)
Toquinho e Orquestra Jazz Sinfônica (2002)
Só tenho tempo pra ser feliz (2003)
Toquinho - Le canzoni della mia vita (2003)
DVD - Tons do Brasil - Toquinho (2003)
Toquinho - Bossa Nova Para Sempre (2004)
DVD Toquinho - Tributo à Bossa Nova (2004)
CD / DVD - Toquinho no Mundo da Criança (2005)
DVD - Só tenho tempo pra ser feliz - Ao Vivo (2005)
Mosaico - músicas de Toquinho e Paulo César Pinheiro (2005)
Passatempo - Retrato de uma época (2005)
A Vida Tem Sempre Razão - Tributo a Toquinho - CD de Silvia Goés, Ivâni Sabino e Pepa D'Elia (2006)
DVD - Passatempo - Retrato de uma época (2007)
CD - O poeta, a moça e o violão - Vinicius, Clara Nunes e Toquinho (2008)
DVD - Jobim, Vinicius, Toquinho & Miucha - I Concerti Live - gravado em 1978 (2008)
DVD - Toquinho - I Concerti Live - gravado em 1983 (2008)
DVD - Toquinho - Programa Ensaio - gravado em 1990 (2008)
CD - Toquinho e MPB-4 - 40 anos de música (2008)
DVD - Toquinho e MPB-4 - 40 anos de música (2009)

" VINICIUS DE MORAES "


Vinicius de Moraes,Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.
Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias.Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, no Botafogo, para terminar o curso primário.

Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos depois, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos depois, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.

No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). No ano seguinte, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco
O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boémio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi amnistiado pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática.

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro "Orfeu da Conceição", em 25 de setembro de 1956. Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.
Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.
Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreria pela manhã

Carreira artística

No fim dos anos 1920, Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções gravadas - nove delas parcerias com os Irmãos Tapajós. Seu primeiro registro como letrista veio em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena", gravado em 1932 pela dupla de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, O Caminho para a Distância, em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década. Foram também gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma Saudade" (composta com Joaquim Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite" (composta com Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também "Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos mesmos um ano depois.

Ainda na década de 1930, Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em sua fase considerada mística, ele recebeu o Prêmio Felipe D'Oliveira pelo livro Forma e Exegese, de 1935.
No ano seguinte, lançou o livro Ariana, a Mulher.
Declarava-se partidário do Integralismo, partido brasileiro de orientação fascista.
Nos anos 1940, suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Vinicius de Moraes publicou os livros Cinco Elegias (1943), que marcou esta nova fase, e Poemas, Sonetos e Baladas (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuando como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex Vianny, a revista Filme. Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro Pátria Minha.
De volta ao Brasil no início dos anos 1950, após servir ao Itamaraty nos Estados Unidos, Vinicius começou a trabalhar no jornal Última Hora, exercendo funções burocráticas na sede do Ministério das Relações Exteriores.
Em 1953, Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua autoria. Escrita com Antônio Maria, a canção foi dedicado à esposa Tati de Moraes -e marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano, Vinícus foi para Paris como segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou "Dobrado de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria), em 1954.

Em 1954, Vinícius publica sua coletânea de poemas, Antologia Poética,mesmo ano que publica sua peça teatral Orfeu da Conceição, premiada no concurso do IV Centenário de São Paulo e publicada na revista "Anhembi". Dois anos depois, quando Vinicius buscava alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar com um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.

Do encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da música brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora, que incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Além destas canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu Sei Que Vou Te Amar", "Garota de Ipanema", "Insensatez"', entre outras belas canções.
Entre 1957 a 1958, o diretor de cinema francês Marcel Camus filmou "Orfeu do Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu o nome de Orfeu Negro. Vinicius compôs para o filme "A Felicidade" e "O Nosso Amor". Um ano depois, o filme seria contemplado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Em 1957, o poeta teve sua carreira diplomática transferida para Montevidéu, onde permaneceu por três anos.

A Bossa Nova

O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e "Chega de Saudade", em interpretações vocais intimistas.
"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquela novo movimento, especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome deste violonista é João Gilberto. A importância do disco "Canção do Amor Demais" é tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso.
Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por outros artistas. Joel de Almeida gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy de Almeida gravou "Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito Madi gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem Você", Agnaldo Rayol gravou "Serenata do Adeus" e Albertinho Fortuna gravou "Eu Sei Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró e Diana Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.
Servindo ao Itamaraty em Montevidéu desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. Suas canções continuaram sendo gravadas por muitos artistas no início dos anos 1960. Foram lançadas "Janelas Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração", (composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora cultuada na época como um das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras .

Novas parcerias

No ano seguinte, Vinicius registrou pela primeira vez sua voz, em um álbum contendo os sambas "Água de Beber" e "Lamento no Morro", novamente parcerias com Tom Jobim. O poeta teria também um novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e violonista Carlos Lyra. Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa Mais Linda" "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Ainda em 1961, o "Teatro Santa Rosa" foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma rosa", peça de autoria de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada depois pelo cinema italiano com o nome de "Una Rosa per Tutti" (o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia Cardinale).

Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros fluminense gravou "Serenata do Adeus", um ano após gravarem "Rancho das Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema de "Jesus, Alegria dos Homens", de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano, enquanto "Canção da Eterna Despedida" (composta com Tom Jobim) "Em Noite de Luar" (composta com Ary Barroso) foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria, respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: "Antologia Poética", "Procura-se Uma Rosa" e "Para Viver Um Grande Amor".

Com Pixinguinha, compôs a trilha sonora do filme "Sol sobre a Lama", de Alex Vianny, escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo Melhor". Também naquele período, nasceu a parceria com o compositor e violonista Baden Powell. Desta, resultariam inúmeros sucessos, como "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de Ossanha", "Formosa", "Mulher Carioca" "Paz", "Pra Que Chorar", "Samba da Bênção", "Samba Em Prelúdio", "Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre outras.

Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas, Vinicius de Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes concertos da bossa nova e realizado na boate "Au Bon Gourmet", no Rio de Janeiro. Neste show, foram lançadas clássicos da música popular brasileira como "Ela é Carioca", "Garota de Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço Samba". Naquela mesma casa noturna foi montada "Pobre Menina Rica", mais uma peça do poeta, cuja trilha sonora trazia canções como "Sabe Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" (lançando a cantora Nara Leão), ambas parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius comporia com Lyra "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e a bela "Minha Namorada".

Várias daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou "Marcha da Quarta-feira de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou "Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta com Moacir Santos), Elza Soares gravou "Só Danço Samba", Pery Ribeiro e o Tamba Trio gravaram "Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O Morro Não Tem Vez" (composta com Tom Jobim).

Naquele mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atriz Odete Lara seu primeiro álbum: "Vinicius e Odete Lara". Com arranjos e regência do poeta Moacir Santos, o LP continha canções da parceria com Baden Powell, como "Berimbau", "Mulher Carioca", "Samba em Prelúdio" e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo Copacabana lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as parcerias do poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo Queiroz e Vadico.

Retorno ao Brasil


Em 1964, Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na boate "Zum Zum", ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve grande repercussão nos meios artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo composições como "Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia da Criação" e "Minha Namorada" (parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "…Das Rosas", "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com o cantor, compositor e violonista Dorival Caymmi).
Duas canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o "I Festival Nacional de Música Popular Brasileira" (da extinta TV Excelsior). "Arrastão" (composta com Edu Lobo), defendida por Elis Regina, ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo lugar. Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius compôs "Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram no clima de protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por um breve período, Vinicius foi designado para trabalhar na delegação do Brasil junto à Unesco, na Europa. O poeta também trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme "Garota de Ipanema", voltou a se apresentar no Zum Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".

Ainda em 1965, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de uma homenagem para o poetinha, com o show "Vinicius: Poesia e Canção", espetáculo que contou com a participação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (sob a regência do maestro Diogo Pacheco). As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes com Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem Iguais A Você", a platéia respondeu com dez minutos ininterruptos de aplausos.

Em 1966, foi lançado o álbum "Os Afro-Sambas", com suas composições em parceria com Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Canto de Iemanjá" e "Lamento de Exu", entre outras, além da participação de Powell tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto "Pois É", no Teatro Opinião, , ao lado de Maria Bethânia e Gilberto Gil. No espetáculo dirigido pelo arranjador, compositor, maestro e pianista Francis Hime, o público carioca conheceu pela primeira vez as canções de Gilberto Gil. Ainda naquele ano, o poetinha lançou o livro de crônicas "Para Uma Menina Com Uma Flor" e também foi convidado a participar do júri do Festival de Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção" havia sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme "Um Homem e Uma Mulher", do diretor francês Claude Lelouch, vencedor do festival. Após uma ameaça de processo, a obra de Lelouch creditou a canção de Vinicius. O ano de 1967 marcou a estréia do filme "Garota de Ipanema", baseado no sucesso homônimo de Vínicius. É a canção brasileira mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary Barroso). Ainda naquele período, o poetinha organizou um festival de artes em Ouro Preto e excursionou para a Argentina e o Uruguai.

Aposentadoria Compulsória:

Durante 1968, Vinicius de Moraes participou de shows em Lisboa, na companhia de Chico Buarque e Nara Leão. Também naquele ano, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, Vinicius prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som (de onde era membro do Conselho Superior de MPB).

Mas o ano de 1968 marcou o fim da carreira diplomática de Vinicius de Moraes. Após 26 anos de serviços prestados ao MRE, Vinicius foi aposentado pelo Ato Institucional 5, fato que o magoou profundamente. No dia em que o ato era editado, Vinicius encontrava-se em Portugal onde realizava um concerto. Após este espetáculo, estudantes salazaristas estavam aglomerados na porta do teatro para protestar contra o poeta. Avisado disto e aconselhado a se retirar pelos fundos do teatro, o poetinha preferiu enfrentar os protestos e, parando diante dos manifestantes, começou a declamar "Poética I" ("De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo"). Então, um dos jovens tirou a capa do seu traje acadêmico e a colocou no chão para que Vinicius pudesse passar sobre ela — ato imitado pelos outros estudantes e que, em Portugal, é uma forma tradicional de homenagem acadêmica.

Segundo entrevista publicada pela Revista Veja em 12 de janeiro de 2000 o Ex-Presidente João Figueiredo explicou as reais causas da demissão do poeta do Itamaraty: "Ele até diz que muita gente do Itamaraty foi cassada ou por corrupção ou por pederastia. É verdade. Mas no caso dele foi por vagabundagem mesmo. Eu era o chefe da Agência Central do Serviço e recebíamos constantemente informes de que ele, servindo no consulado brasileiro de Montevidéu, ganhando 6 000 dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses. Consultamos o Ministério das Relações Exteriores, que nos confirmou a acusação. Checamos e verificamos que ele não saía dos botequins do Rio de Janeiro, tocando violão, se apresentando por aí, com copo de uísque do lado. Nem pestanejamos. Mandamos brasa."

Em 1969, Vinicius de Moraes publicou o livro "Obra Poética" e se apresentou ao lado de Maria Creuza e Dorival Caymmi em Punta del Este. O poetinha também fez recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, apresentando, entre outros, os poemas "A Uma Mulher", "O Falso Mendigo", "Sob o Trópico de Câncer" (no qual trabalhou durante nove anos) e "Soneto da Intimidade". O evento foi gravado ao vivo e lançado em LP pelo selo Festa. Ainda naquele ano, Vinicius fez apresentações em Buenos Aires, ao lado de Caymmi, Baden Powell, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves.

Parceria com Toquinho

Naquele mesmo período, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Desta parceria, viriam clássicos como "Como Dizia o poeta", "Tarde em Itapoã" e "Testamento".
Em 1970, Vinicius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, com o parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a trajetória do poeta, ficou quase um ano em cartaz devido ao grande sucesso obtido. Outra apresentação marcante de Vinícus de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora Maria Creuza, foi em Buenos Aires, na boate La Fusa. O antológico concerto resultaria no LP ao vivo "Vinicius En La Fusa", uma das mais belas joias gravadas ao vivo da música brasileira. No repertório, interpretado de modo espetacular pela cantora baiana, estavam entre outras "A Felicidade", "Garota de Ipanema", "Irene", "Lamento no Morro" "Canto de Ossanha" (canção muito aplaudida pela plateia argentina), "Samba em Prelúdio", "Eu Sei Que Vou Te Amar" (canção que contou ainda com a declamação do poetinha de "Soneto da Fidelidade", para delírio do público argentino), "Minha Namorada" e "Se Todos Fossem Iguais A Você", que encerrou o magnífico concerto. No ano seguinte, Vinicius voltou a Fusa para gravar um novo LP ao vivo, também com Toquinho, mas desta vez com a cantora Maria Bethânia nos vocais. Neste álbum estão presentes canções com "A Tonga da Mironga do Kabuletê", "Testamento" e "Tarde em Itapoã". Também em 1971, assinou com Chico Buarque, sobre antigo choro de "Garoto", a canção "Gente Humilde", grande sucesso gravada pelo próprio Chico e, pouco depois, por Ângela Maria.

A parceria Vinicius/Toquinho excursionou por várias cidades brasileiras e também pelo exterior. Ainda em 1971, a dupla lançou seu primeiro LP de estúdio, com destaque para "Maria Vai com as Outras", "Morena Flor", "A Rosa Desfolhada" e "Testamento". Em 1972, eles lançaram o álbum "São Demais os Perigos Dessa Vida", contendo - além da faixa-título - grandes sucessos como "Cotidiano nº 2", "Para Viver Um Grande Amor" e "Regra três". Com Toquinho, também compôs a trilha sonora da telenovela "Nossa Filha Gabriela" (da extinta TV Tupi), registrada em disco naquele mesmo ano. No ano seguinte, a dupla se apresentou no show "O Poeta, a Moça e o Violão", com a cantora Clara Nunes no Teatro Castro Alves, em Salvador.

Em 1974, Vinicius e Toquinho compuseram "As Cores de Abril" e "Como É Duro Trabalhar", ambas incluídas na trilha sonora da novela "Fogo Sobre Terra" (da Rede Globo). Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum "Toquinho, Vinicius e Amigos". O disco teve as participações de Maria Bethânia (em "Apelo" e "Viramundo") , Cyro Monteiro ("Que Martírio" e "Você Errou", últimas gravações deste cantor), Maria Creuza ("Tomara" e "Lamento no Morro"), Sergio Endrigo ("Poema Degli Occhi" e "La Casa") e Chico Buarque ("Desencontro"). Ainda naquele ano, a dupla lançou "Vinicius e Toquinho", quarto álbum de estúdio da parceria, que trazia composições de autoria deles, como "Samba do Jato", "Sem Medo" e "Tudo Na Mais Santa Paz", e ainda "Samba pra Vinicius", homenagem ao poetinha de Toquinho e Chico Buarque, que fez uma participação especial no disco.
Em 1975, Vinicius do Moraes lançou o álbum "O Poeta e o Violão". Gravado em Milão, o LP teve a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo ano, a gravadora Philips lançou o álbum "Vinicius e Toquinho". Deste LP, destaca-se "Onde Anda Você" - parceria com Hermano Silva e que alcançou grande sucesso. Ainda naquele ano, Vinicius lançou o livro de poemas infantis "A Arca de Noé". Foram lançados em no ano seguinte os álbuns "Ornella Vanoni, Vinicius de Moraes e Toquinho - La voglia, la pazzia, l'incoscienza e l'allegria" e "Deus lhe Pague" - este com as composições da parceria Vinicius e Edu Lobo.
Vinicius teve publicado, em 1977, o livro "O Breve Momento", com 15 serigrafias de Carlos Leão. Naquele ano, o selo Philips lançou o álbum "Antologia Poética", uma seleção da obra poética do poetinha e que teve a participação especial de Tom Jobim, Francis Hime e Toquinho. A gravadora Som Livre disponibilizou no mercado o LP "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha - Ao Vivo no Canecão". Em 1978, foi lançado o álbum "Vinicius e Amália", disco gravado em Lisboa com a cantora portuguesa Amália Rodrigues. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum "10 Anos de Toquinho e Vinicius" - uma coletânea de uma década de trabalhos da dupla. Em 1980, foi lançado o álbum "Arca de Noé", que trouxe diversos intérpretes para as composições infantis do poeta, musicadas a partir do livro homônimo. O disco gerou um especial infantil na Rede Globo, naquele mesmo ano.

A morte do "poetinha"

Na madrugada de 9 de julho de 1980, Vinicius de Moraes começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. O poeta passara o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado.
Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira. Foram lançados os álbuns "Toquinho, Vinicius e Maria Creuza - O Grande Encontro" (1988) e "A História dos Shows Inesquecíveis - Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho" (1991), além de terem sido lançados livros sobre o poeta, como "Vinicius de Moraes - Livro de letras" (1993), de José Castelo, "Vinicius de Moraes" (1995), também de José Castelo, "Vinicius de Moraes" (1997), de Geraldo Carneiro (uma edição ampliada do livro publicado em 1984). Ainda em 1993, Almir Chediak editou os três volumes do "Songbook Vinicius de Moraes".
Por ocasião dos vinte anos da morte do poeta, em 2000, a Praia de Ipanema foi o palco de um show em homenagem a Vinicius, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio, Os Cariocas, Emílio Santiago e Toquinho, interpretando composições de sua autoria.
Em 2003, ano em que o poeta completaria seu 90º aniversário, foram lançados vários projetos em tributo à sua criação artística. Também foi lançado o website oficial de Vinicius.
Em 2005, "The Girl from Ipanema", versão em inglês de "Garota de Ipanema", de Astrud Gilberto, Tom Jobim, João Gilberto e Stan Getz, realizada em 1963, foi escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Ainda em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do "Festival do Rio", o documentário "Vinicius", dirigido por Miguel Faria Jr e produzido por Suzana de Moraes, filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Mariana de Morais e Olívia Byington, entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD.
Em 2006, foi lançada a caixa "Vinicius de Moraes & Amigos", com cinco álbuns do poetinha, contendo 70 canções compiladas de fonogramas gravados por vários intérpretes e pelo próprio Vinicius (solo ou em dueto. A caixa incluiu ainda um livreto com a biografia do homenageado e as letras de todas as canções.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

" BOSSA NOVA "


A bossa nova é um movimento da música popular brasileira surgido no final da década de 1950 na capital fluminense. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época. Anos depois, Bossa Nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo, especialmente associado a João Gilberto, Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá.




A palavra bossa apareceu pela primeira vez na década de 1930, em Coisas Nossas, samba do popular cantor Noel Rosa: O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas(...). A expressão bossa nova passou a ser utilizada também na década seguinte para aqueles sambas de breque, baseado no talento de improvisar paradas súbitas durante a música para encaixar falas.
Alguns críticos musicais destacam a grande influência que a cultura americana do Pós-Guerra, de musicos como Stan Kenton, combinada ao impressionismo erudito, de Debussy e Ravel, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop. Embora tenha influência de música estrangeira, possui elementos de samba sincopado. Além disso, havia um fundamental inconformismo com o formato musical de época. Os cantores Dick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista (em oposição a cantores de grande potência sonora) também são considerados influências positivas sobre os garotos que fizeram a Bossa Nova.

Um embrião do movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, frutos de encontros de um grupo de músicos da classe média carioca em apartamentos da zona sul, como o de Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Nestes encontros, cada vez mais freqüentes, a partir de 1957, um grupo se reunia para fazer e ouvir música. Dentre os participantes estavam novos compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Sérgio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando, abraçando também Chico Feitosa, João Gilberto, Luiz Carlos Vinhas, Ronaldo Bôscoli, entre outros.
Primeiro movimento musical brasileiro egresso das faculdades, já que os primeiros concertos foram realizados em âmbito universitário, pouco a pouco aquilo que se tornaria a bossa nova foi ocupando bares do circuito de Copacabana, no chamado Beco das Garrafas.
No final de 1957, numa destas apresentações, no Colégio Israelita-Brasileiro, teria havido a idéia de chamar o novo gênero - então apenas denominado de samba sessions, numa alusão à fusão entre samba e jazz - , através de um recado escrito num quadro-negro, provavelmente escrito por uma secretária do colégio, chamando as pessoas para uma apresentação de samba-sessions por uma turma "bossa-nova". No evento participaram Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Sylvia Telles, Roberto Menescal e Luiz Eça, onde foram anunciados como "(...)grupo bossa nova apresentando sambas modernos".

Início oficial

Vinicius de Moraes, principal letrista de canções da bossa nova a partir de "Chega de Saudade", composição feita com Tom Jobim em 1958 e que consagrou o estilo.Movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).

Meses antes, João participara de Canção do Amor Demais, um álbum lançado em maio daquele mesmo ano e exclusivamente dedicado às canções da iniciante dupla Tom/Vinicius, interpretado pela cantora fluminense Elizeth Cardoso. De acordo com o escritor Ruy Castro (em seu livro Chega de saudade, de 1990), este LP não foi um sucesso imediato ao ser lançado, mas o disco pode ser considerado um dos marcos da bossa nova, não só por ter trazido algumas das mais clássicas composições do gênero - entre as quais, Luciana, Estrada Branca, Outra Vez e Chega de Saudade-, como também pela célebre batida do violão de João Gilberto, com seus acordes dissonantes e inspirados no jazz norte-americano - influência esta que daria argumentos aos críticos da bossa nova.

Outras das características do movimento eram suas letras que, contrastando com os sucessos de até então, abordavam temáticas leves e descompromissadas - exemplo disto, Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça. A forma de cantar também se diferenciava da que se tinha na época. Segundo o maestro Júlio Medaglia, "desenvolver-se-ia a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da 'grande voz'".

Em 1959, era lançado o primeiro LP de João Gilberto, Chega de saudade, contendo a faixa-título - canção com cerca de 100 regravações feitas por artistas brasileiros e estrangeiros. A partir dali, a bossa nova era uma realidade. Além de João, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Consta-se, segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música que Jobim e Moraes fizeram, em 1956, para a peça Orfeu da Conceição, primeira parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que Vinícius primeiro entrou em contato com Vadico, o famoso parceiro de Noel Rosa e ex-membro do Bando da Lua, para fazer a trilha sonora. É dessa peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de Tom e Vinícius, "Se todos fossem iguais a você", já prenunciando os elementos melódicos da Bossa Nova.

Além de Chega de saudade, os dois compuseram Garota de Ipanema, outra representativa canção da bossa nova, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de Aquarela do Brasil (Ary Barroso), com mais de 169 gravações, entre as quais de Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com Tom Jobim), Ella Fitzgerald entre outros. É de Tom Jobim também, junto com Newton Mendonça, as canções Desafinado e Samba de uma Nota Só, dois dos primeiros clássicos do novo gênero musical brasileiro a serem gravados no mercado norte-americano a partir de 1960.

Reconhecimento

Com o passar dos anos, a bossa nova que no Brasil era inicialmente considerada música de "elite" (cultural), tornou-se cada vez mais popular com o público brasileiro, em geral. Em 1962, foi realizado um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, consagrando mundialmente o estilo musical. Deste espetáculo, participaram, entre outros, Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Normando Santos, Milton Banana, Sérgio Ricardo, além de artistas que pouco tinham a ver com a bossa nova, como o pianista argentino Lalo Schifrin.

Mudanças

Em meados da década de 1960, o movimento apresentaria uma espécie de cisão ideológica, formada por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime e estimulada pelo Centro Popular de Cultura da UNE. Inspirada em uma visão popular e nacionalista, este grupo fez uma crítica das influências do jazz norte-americano na bossa nova e propôs sua reaproximação com compositores de morro, como o sambista Zé Ketti. Um dos pilares da bossa, Carlos Lyra, aderiu a esta corrente, assim como Nara Leão, que promoveu parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e baião e xote nordestinos como João do Vale. Nesta fase de releituras da bossa nova, foi lançado em 1966 o antológico LP "Os Afro-sambas", de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Entre os artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966) da bossa nova estão Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo, Ruy Guerra, Pingarilho, Marcos Vasconcelos, Dori Caymmi, Nelson Motta, Francis Hime, Wilson Simonal, entre outros.

Fim do movimento, da bossa à MPB


Um dos maiores expoentes da bossa nova comporia um dos marcos do fim do movimento. Em 1965, Vinícius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão. A canção seria defendida por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior), realizado no Guarujá naquele mesmo ano. Era o fim da bossa nova e o início do que se rotularia MPB, gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira até o início da década de 1980 - época em que surgiu um pop rock nacional renovado.

A MPB nascia com artistas novatos, da segunda geração da bossa nova, como Geraldo Vandré, Edu Lobo e Chico Buarque de Holanda, que apareciam com freqüência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova. Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, realizado em São Paulo em 1966, Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da bossa em MPB.

Legado

Hoje em dia, inúmeros concertos dedicados à bossa nova são realizados, entre os quais, entre 2000 e 2001, os intitulados 40 anos de Bossa Nova, com Roberto Menescal e Wanda Sá.

O fim cronológico da bossa não significou a extinção estética do estilo. O movimento foi uma grande referência para gerações posteriores de artistas, do jazz (a partir do sucesso estrondoso da versão instrumental de Desafinado pela dupla Stan Getz e Charlie Byrd) a uma corrente pós punk britânica (de artistas como Style Council, Matt Bianco e Everything but the Girl).
No rock brasileiro, há de se destacar tanto a regravação da composição de Lobão, Me chama, pelo músico bossa-novista João Gilberto, em 1986, além da famosa música do cantor Cazuza composta por ele e outros músicos, Faz parte do meu show, gravada em 1988, com arranjos fortemente inspirados na Bossa Nova.
Seu legado é valioso, deixando várias jóias da música nacional, dentre as quais Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Desafinado, O barquinho, Eu Sei Que Vou Te Amar, Se Todos Fossem Iguais A Você, Águas de março, Outra Vez, Coisa mais linda, Corcovado, Insensatez, Maria Ninguém, Samba de uma nota só, O pato, Lobo Bobo, Saudade fez um Samba

Artistas do movimento

Alaíde Costa
Antônio Carlos Jobim
Astrud Gilberto
Baden Powell
Carlos Lyra
Claudette Soares
Danilo Caymmi
Elizeth Cardoso
Johnny Alf
João Donato
João Gilberto
Luís Bonfá
Luiz Eça
Marcos Valle
Maysa
Miúcha
Nara Leão
Newton Mendonça
Os Cariocas
Oscar Castro Neves
Roberto Menescal
Ronaldo Bôscoli
Sergio Mendes
Sylvia Telles
Stan Getz
Vinicius de Moraes
Zimbo trio